O Caminho dos Cristais é uma das passagens mais emblemáticas do bairro de São Lázaro, em Arequipa. Este bairro é reconhecido como o núcleo original da cidade, com uma história que antecede a fundação oficial de Arequipa em 1540. São Lázaro destaca-se pelas suas ruas estreitas e sinuosas, pavimentadas com paralelepípedos escuros, e pelas edificações construídas em silhar, uma pedra vulcânica branca abundante na região, que confere a Arequipa o título de “Cidade Branca”. 

O Caminho dos Cristais é caracterizado pela ausência de passeios, apresentando um pavimento de paralelepípedos negros e sendo ladeado por paredes radiantes de silhar branco. Este encantador recanto exemplifica a arquitetura tradicional de Arequipa, onde a funcionalidade do seu pavimento se funde perfeitamente com a elegância das paredes de silhar circundantes. As fachadas possuem relevos e detalhes esculpidos, que incluem desenhos geométricos, florais e religiosos, acrescentando um toque de ornamentação e beleza às casas. Muitas das residências possuem varandas de ferro forjado que sobressaem das suas fachadas, decoradas com desenhos intrincados, sendo um elemento distintivo da arquitetura colonial. Os portões de entrada são feitos de madeira maciça, elaboradamente esculpidos e decorados, proporcionando calor e contraste ao exterior branco das casas.

A importância do silhar na arquitetura de Arequipa é inegável. Esta pedra vulcânica branca foi amplamente utilizada na construção de templos, palácios e casas durante a era colonial, conferindo à cidade a sua aparência característica. As pedreiras de silhar estão localizadas nas encostas de vulcões próximos, como o Chachani e o Misti, que há séculos fornecem a matéria-prima para a construção em Arequipa. A proximidade destas pedreiras à cidade facilitou o acesso a este material de construção e contribuiu para a tradição arquitetónica única da região.

A arquitetura do bairro é uma testemunha viva da história de Arequipa. As casas, muitas delas construídas com silhar, apresentam fachadas brancas que contrastam harmoniosamente com o céu azul típico da região. As ruas estreitas e os becos labirínticos convidam os visitantes a explorarem cada canto, descobrindo pátios escondidos, pequenas praças e a tranquilidade que permeia o ambiente.