DESTINO: Tailândia / Banguecoque
MERCADO FERROVIÁRIO DE MAE KONG
ตลาดรถไฟแม่กลอง
O Mercado Ferroviário de Maeklong é um dos mercados mais inusitados do mundo. Instalado directamente sobre uma linha de comboio, transforma-se várias vezes ao dia para dar passagem ao comboio que o atravessa calmamente.
O Mercado de Maeklong foi oficialmente estabelecido em 1905, numa altura em que a província de Samut Songkhram — situada na região centro-sul da Tailândia — baseava a sua economia sobretudo na pesca, na agricultura de pequena escala e na fruticultura. A sua localização privilegiada, nas imediações da foz do rio Mae Klong e junto ao Golfo da Tailândia, permitia o acesso fácil a uma vasta gama de recursos naturais, em particular peixe e marisco, que eram apanhados diariamente pelos pescadores locais. Ao mesmo tempo, as margens férteis do rio ofereciam condições ideais para o cultivo de fruta tropical, legumes e ervas aromáticas, essenciais na gastronomia tailandesa.
O mercado surgiu como uma resposta prática às necessidades da população local: um espaço de escoamento rápido e eficaz dos excedentes agrícolas e do pescado fresco, onde produtores, pescadores e comerciantes podiam encontrar-se diariamente para negociar. O crescimento do mercado foi incentivado pela sua função logística: Maeklong servia não só os habitantes da província, mas também abastecia vendedores e compradores vindos de regiões vizinhas, nomeadamente Ratchaburi e Nakhon Pathom, que procuravam ali produtos frescos e a preços acessíveis.
Com o passar do tempo, o mercado foi ganhando uma importância crescente na rede de abastecimento da Tailândia central, tornando-se um ponto de referência no comércio alimentar da região. A sua actividade constante, a diversidade de produtos e a ligação directa às cadeias de produção tornaram-no num espaço fundamental para o quotidiano económico e social da zona, muito antes de se tornar famoso pelo fenómeno insólito da passagem do comboio.
Nas primeiras décadas do século XX, à medida que o Reino do Sião (actual Tailândia) procurava modernizar as suas infraestruturas e reforçar a ligação entre as províncias e a capital, o governo lançou um ambicioso plano de expansão da rede ferroviária. Um dos projectos inseridos neste esforço foi a construção da linha ferroviária Mae Klong, com o objectivo de facilitar o transporte de mercadorias — em particular bens perecíveis, como peixe, frutas e legumes — desde as zonas produtoras até aos mercados urbanos de Banguecoque.
A nova linha, iniciada em meados da década de 1920, foi desenhada para atravessar directamente o centro de Samut Songkhram. No entanto, essa linha cruzava precisamente a área onde, desde 1905, se realizava diariamente o movimentado Mercado de Maeklong. Perante esta situação, poder-se-ia esperar que o mercado fosse desmantelado ou transferido para outra localização — mas foi exactamente o contrário que aconteceu.
Em vez de abandonar o espaço, os vendedores locais optaram por permanecer, adaptando-se de forma prática e engenhosa à presença da linha férrea. Desenvolveram um sistema de toldos retrácteis e bancas móveis que lhes permitia continuar a vender e, ao mesmo tempo, recolher rapidamente os seus produtos sempre que o comboio se aproximava. Esta convivência inusitada entre o comércio tradicional e a circulação ferroviária tornou-se uma característica singular do Mercado de Maeklong.
Quando o som do apito se aproxima, o movimento é automático: toldos recolhidos, tabuleiros levantados e, em poucos segundos, tudo se ajusta para permitir a passagem do comboio, que circula a baixa velocidade e sem causar qualquer alvoroço. Este ritual repete-se oito vezes por dia, todos os dias, transformando uma simples travessia ferroviária num espectáculo impressionante. Frutas e legumes continuam cuidadosamente alinhados no chão, algumas cestas ficam entre os carris e o comboio passa por cima sem causar danos. Mal o comboio desaparece, tudo volta ao normal em poucos segundos — os toldos descem, os produtos regressam às bancas, e os vendedores retomam as suas actividades como se nada tivesse acontecido.
Ao manter-se fiel à sua localização e função original, o mercado soube coexistir com a modernidade sem perder a sua identidade. Hoje, continua a ser frequentado por locais que fazem ali as suas compras diárias, mas atrai também inúmeros visitantes curiosos, que vêm testemunhar este curioso encontro entre tradição e comboio.