PASSAGEM DO FOGO DO INFERNO
ช่องเขาขาด
Escavada à força no meio da selva tailandesa, a Passagem do Fogo do Inferno é uma das secções mais impressionantes do antigo Caminho de Ferro da Morte. Com apenas 500 metros, foi aberta à mão em rocha dura — à custa de um esforço desumano e da vida de centenas de prisioneiros.
A Passagem do Fogo do Inferno faz parte do conhecido Caminho de Ferro da Birmânia, construído durante a Segunda Guerra Mundial para ligar a Tailândia à antiga Birmânia (actual Myanmar). Esta linha férrea foi construída pelas forças japonesas, que pretendiam garantir uma rota terrestre de abastecimento para as tropas na região. Sem maquinaria adequada e com urgência na execução, o exército recorreu ao trabalho forçado de prisioneiros de guerra e de trabalhadores asiáticos alistados sob coacção.
Situada nas montanhas de Kanchanaburi, no oeste da Tailândia, a Passagem do Fogo do Inferno é um corte profundo escavado à mão numa parede de rocha compacta. Apesar de ter apenas meio quilómetro de comprimento, a escavação representou um desafio físico extremo. O trabalho decorreu entre Abril e Setembro de 1943, com grupos de prisioneiros a trabalhar dia e noite, durante 18 horas seguidas, utilizando apenas berbequins manuais, picaretas e pás.
Durante a noite, eram forçados a continuar sob a fraca iluminação de tochas e fogueiras, o que criava um ambiente sinistro: figuras esqueléticas a trabalhar sob luz tremeluzente, gritos de guardas, o som das ferramentas a bater contra a pedra. Foi esta visão dantesca que levou os sobreviventes a chamar-lhe “Fogo do Inferno”.
A dureza do trabalho era agravada pela falta de alimentação, pelo calor sufocante, pelas doenças tropicais e pelos castigos infligidos por guardas. Estima-se que centenas de prisioneiros aliados — em especial britânicos, australianos e neerlandeses — tenham morrido durante a abertura desta passagem. A estes juntam-se milhares de trabalhadores asiáticos, cuja memória só mais recentemente começou a ser reconhecida.
Sem acesso a cuidados médicos e muitas vezes sem sequer calçado ou roupa adequada, os trabalhadores sucumbiam ao esgotamento e às infecções. Muitos corpos foram enterrados em valas comuns, longe dos olhos do mundo.
Terminada a guerra, grande parte do Caminho de Ferro da Birmânia foi abandonada, mas a Passagem do Fogo do Inferno sobreviveu como testemunho da violência que ali se viveu. Hoje, o local está preservado e inclui um memorial e um museu, criado com apoio do governo australiano, onde é possível conhecer melhor o contexto da construção e o sofrimento vivido naquele vale estreito.
Um trilho pedestre permite atravessar a antiga passagem, onde ainda se observam marcas deixadas pelas ferramentas. O ambiente é de silêncio e calor, interrompido apenas pelo som da natureza — contrastando com a brutalidade que o local encerra.
A Passagem do Fogo do Inferno impressiona pelo sofrimento que representa. Num espaço tão estreito e isolado, o que se sente é a memória de quem ali foi obrigado a trabalhar até à exaustão. Visitar este lugar é recordar que uma simples linha de comboio custou milhares de vidas — e que há cicatrizes que não desaparecem da paisagem.