KANCHANABURI
TAILÂNDIA


Mon Songkran (Ano Novo Tailandês dos Mon)
Abril
O Mon Songkran é a forma como a comunidade Mon celebra o Ano Novo tailandês, o famoso Festival de Songkran, mas com tradições muito próprias. Os Mon são um povo com raízes ancestrais no atual Myanmar e estão presentes em várias regiões da Tailândia, como Ayutthaya, Kanchanaburi e Samut Sakhon. Apesar de partilharem o mesmo calendário festivo do Songkran nacional, os Mon mantêm rituais distintos, marcados por espiritualidade, cor e profundo respeito pela tradição. Uma das imagens mais emblemáticas do Mon Songkran são os chedis de areia: pequenas estupas construídas nos pátios dos templos ou nas margens dos rios, decoradas com bandeiras, flores e incenso. Este gesto simboliza a reposição da areia levada inadvertidamente nos pés ao longo do ano, num acto simbólico de devoção. A água também desempenha um papel central, mas com um tom mais cerimonial do que festivo. Em vez de batalhas aquáticas, é comum ver os mais novos a verter água perfumada nas mãos dos mais velhos, pedindo bênçãos para o novo ano. O ambiente é calmo, respeitoso e repleto de significado. As procissões com trajes tradicionais, as danças folclóricas, a música ao vivo e as oferendas nos templos tornam estas celebrações verdadeiramente especiais. Além disso, é comum a libertação simbólica de peixes ou pássaros, num gesto de compaixão e mérito espiritual. O Mon Songkran é celebrado com mais intensidade em zonas com comunidades Mon fortes, como Phra Pradaeng, nos arredores de Banguecoque, onde as festividades acontecem uma semana depois do Songkran nacional — prolongando o espírito do Ano Novo e oferecendo uma oportunidade única para vivenciar uma tradição menos conhecida, mas profundamente enraizada.

Semana da Ponte sobre o Rio Kwai
Novembro - Dezembro
A Semana da Ponte sobre o Rio Kwai é um dos eventos anuais mais importantes da cidade de Kanchanaburi, no oeste da Tailândia. Realiza-se habitualmente no final de novembro ou início de dezembro, junto à histórica ponte construída durante a ocupação japonesa, parte da chamada Linha de Caminho de Ferro da Morte. Este festival teve origem como forma de homenagear os milhares de prisioneiros de guerra aliados e trabalhadores asiáticos forçados que perderam a vida durante a construção da linha férrea, durante a Segunda Guerra Mundial. Com o tempo, passou a ser também uma celebração cultural e comunitária. O ponto central do evento é o espectáculo nocturno de luz e som, apresentado junto à ponte. Trata-se de uma encenação ao ar livre, com efeitos especiais, fogo-de-artifício e actores ao vivo, que recria episódios históricos relacionados com a guerra, nomeadamente a construção da ponte e o seu bombardeamento. É uma forma intensa de recordar acontecimentos reais num ambiente que lhes foi contemporâneo. Durante a semana decorrem também feiras, actuações culturais, exposições e concertos. Há bancas de comida tailandesa, produtos artesanais, dança tradicional, exibições militares e cerimónias de homenagem a antigos combatentes e prisioneiros. Muitos visitantes vêm de longe para participar nestas actividades, incluindo familiares de prisioneiros de guerra e antigos soldados. Mais do que um evento turístico, é um momento de memória e partilha, onde o passado é respeitado e o presente vivido com intensidade. A ponte torna-se não só um símbolo histórico, mas também um espaço de encontro entre culturas e gerações, com um forte sentido de dignidade e reconhecimento.

Festival da Colheita dos Karen
Novembro
O Festival da Colheita dos Karen é uma celebração tradicional profundamente enraizada no modo de vida agrícola das comunidades Karen, que vivem nas regiões montanhosas do norte da Tailândia. Realizado geralmente em Novembro, o festival marca o fim da época das chuvas e a colheita do arroz — um momento de grande importância simbólica, espiritual e social para esta minoria étnica. Durante esta festividade, as aldeias enchem-se de cor, música e partilha. O arroz, base da alimentação e da cultura Karen, é honrado com oferendas aos espíritos protectores da terra e aos ancestrais. Os habitantes organizam cerimónias comunitárias de agradecimento, que incluem orações, bênçãos e danças tradicionais. O objectivo é agradecer pela colheita abundante e pedir protecção e fertilidade para a próxima estação. O festival é também um momento de união social. Famílias e vizinhos juntam-se para preparar refeições partilhadas, utilizando os primeiros grãos da nova colheita. Homens e mulheres vestem trajes cerimoniais típicos, tecidos à mão, e os jovens participam em danças e canções tradicionais, preservando e transmitindo os costumes da comunidade. Além da sua dimensão espiritual, o Festival da Colheita representa um momento de orgulho e de resistência cultural, especialmente importante num contexto em que muitas destas comunidades vivem em situações legais e sociais precárias. Através deste festival, os Karen afirmam a sua ligação à terra, aos ciclos da natureza e à sua própria história colectiva.